Mensagem de Felicitação | Mons Victor Kernicki

   

ARQUIDIOCESE DE SALVADOR

CÚRIA METROPOLITANA

CARTA DE AGRADECIMENTO A DEUS PELA NOMEAÇÃO DO MONS. VICTOR

"Como bom pastor, ele dará a vida por seu rebanho" (Is 40, 11)

Excelentíssimo e Reverendíssimo Monsenhor Victor Kernick Skoglamiglio,
Nomeado bispo auxiliar da Diocese de Brasília,

Saúdo-o com reverência e profunda alegria na paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Escrevo-lhe com o coração repleto de júbilo e gratidão, não apenas para congratulá-lo por sua merecida nomeação ao episcopado, mas também para externar minha sincera gratidão por tudo quanto o senhor realizou — e continua realizando — por amor a Cristo, à sua Igreja e, de modo particular, pelo povo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, a primeira Sé do Brasil, terra abençoada por tantos missionários, mártires, santos e homens e mulheres que consagraram sua vida ao serviço do Evangelho.

A nomeação de Vossa Excelência como Bispo Auxiliar de Brasília é, sem dúvida, uma notícia que nos toca profundamente. Toca-nos, é verdade, porque vemos com tristeza a partida de alguém que tanto se doou em nosso meio, mas toca-nos também — e sobretudo — porque reconhecemos nessa nomeação um desígnio providencial de Deus e uma confirmação do que muitos de nós já sabíamos e testemunhávamos: que Vossa Excelência possui um coração episcopal, modelado pelo Coração do Bom Pastor.

Recordo, como se fosse hoje, os primeiros momentos de sua presença em nossa arquidiocese. A discrição com que chegou, o zelo com que se apresentou, a humildade com que tomou parte em nossos trabalhos pastorais, e a firmeza com que conduziu tantas iniciativas, logo revelaram ao nosso clero e ao nosso povo que ali estava um verdadeiro servidor do Senhor. Sua figura, sempre sóbria e amável, unida a uma capacidade incomum de escuta e orientação, conquistou rapidamente não apenas a admiração, mas o respeito e o carinho de todos. Não é exagero dizer que sua presença entre nós deixou marcas profundas e fecundas, que permanecerão como sementes de santidade nas gerações futuras.

Durante os anos de sua atuação pastoral aqui na Arquidiocese de Salvador, Vossa Excelência não poupou esforços para fazer resplandecer a beleza da fé católica em sua integridade. Quantas homilias profundamente teológicas e espirituais! Quantas confissões ouvidas, quantas almas acompanhadas com a ternura de um pai espiritual! Nunca esquecerei suas palavras incisivas, sempre caridosas, mas cheias de doutrina, com as quais nos guiava em tempos difíceis, ajudando-nos a ver a luz da Verdade mesmo nas noites mais escuras da vida.

Mas permita-me destacar, entre tantas expressões de seu ministério fecundo, seu trabalho junto à Associação Arautos do Evangelho, da qual é conhecido amigo e colaborador. Sei o quanto os membros da associação se sentem representados, orientados e motivados por sua presença constante, por seu testemunho vibrante e por sua sólida formação doutrinal. Em tempos de confusão e relativismo, sua fidelidade inabalável ao Magistério da Igreja e seu amor pela liturgia sacra se tornaram verdadeiro farol para todos nós, especialmente para os jovens que procuram, com tanto entusiasmo, um ideal de vida que vá além do imediato e do efêmero.

O senhor não apenas apoiou os Arautos do Evangelho com palavras, mas caminhou com eles, rezou com eles, ofereceu sua amizade e sua paternidade espiritual. Em meio a tantas incompreensões e desafios, sua presença junto à associação foi sinal de comunhão eclesial e de caridade pastoral, como nos ensina o Concílio Vaticano II em sua Constituição Lumen Gentium: "Entre os diversos membros da Igreja existe uma verdadeira igualdade no que se refere à dignidade e à atuação comum de todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo." (LG 32)

Tivemos também a graça de vê-lo conduzindo com mestria eventos litúrgicos de grande importância, nos quais a beleza da Igreja se fazia visível em cada detalhe: seja nas celebrações solenes que presidiu, nas ordenações que acompanhou, nos encontros formativos para o clero e leigos, ou ainda na delicadeza com que acolhia os pequenos e os enfermos. Em tudo transparecia sua paixão pela Igreja e sua certeza de que o verdadeiro serviço pastoral passa pela santificação das almas, como nos ensinou São João Maria Vianney, patrono dos párocos: "O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus."

Ao tomar conhecimento de sua nomeação pelo Santo Padre, o Papa Clemente III, meu coração se alegrou profundamente. Sim, porque é reconfortante ver que a Igreja reconhece e confirma aqueles que, como o senhor, entregam-se sem reservas à missão recebida no dia da ordenação. A missão do Bispo, sabemos bem, é exigente: “dar a vida pelas ovelhas”, como Cristo deu a sua. Mas sabemos também que essa missão não está desprovida da graça, pois “quem é chamado, é também capacitado por Deus” (cf. 1Ts 5,24).

Tenho plena confiança de que Vossa Excelência exercerá seu novo ministério episcopal com o mesmo espírito de serviço, fidelidade e caridade pastoral que o caracterizou até aqui. Brasília, com sua complexidade urbana, sua pluralidade social e sua importância eclesial e política, certamente encontrará em Vossa Excelência um guia sereno, um pastor sábio e um promotor incansável da paz evangélica.

Ainda assim, permita-me dizer, com o carinho de quem muito se beneficiou de sua presença: sentiremos imensamente sua ausência entre nós. Sentiremos falta de suas palavras equilibradas e corajosas, de sua presença serena em nossas assembleias e conselhos, de sua orientação prudente diante dos desafios pastorais. Mas saber que o senhor continuará a servir a Igreja em uma nova missão, agora como Sucessor dos Apóstolos, é para nós motivo de consolo e esperança.

Quero, portanto, além de felicitá-lo por sua nomeação, agradecer-lhe sinceramente por tudo o que fez — e continua fazendo — pelo povo soteropolitano. Agradecer por ter sido entre nós imagem viva de Cristo Bom Pastor. Agradecer por sua obediência filial à Santa Igreja. Agradecer por sua dedicação incansável à verdade e à caridade. Agradecer por ter amado nossa arquidiocese com o amor próprio de quem ama a Esposa de Cristo.

Recordo-me de suas palavras em uma de suas últimas homilias em nossa Catedral Basílica: “O ministério pastoral não é sobre prestígio, mas sobre disponibilidade; não é sobre poder, mas sobre entrega; não é sobre glória humana, mas sobre ocultamento e serviço silencioso.” Essas palavras, ditas com sinceridade e vividas com autenticidade, revelam o espírito com que Vossa Excelência sempre se comportou entre nós — e que certamente continuará a guiar seus passos em Brasília.

Rezo, de coração, para que o Espírito Santo o fortaleça em cada novo desafio, para que Nossa Senhora Auxiliadora o envolva com seu manto de proteção maternal, e para que São João Paulo II, grande apóstolo da nova evangelização, interceda por seu ministério. Que o senhor tenha a coragem dos profetas, a doçura dos santos e a fidelidade dos mártires, pois disso a Igreja precisa: de pastores segundo o Coração de Cristo.

Desejo-lhe um episcopado fecundo, alegre e santo. Que o senhor continue a irradiar a luz do Evangelho por onde passar, sendo sempre sinal de unidade, defensor da verdade, promotor da justiça e testemunha viva do amor de Deus. Conte com minhas orações constantes, com minha amizade fraterna e com minha sincera estima.

Despeço-me, pedindo a Deus que o abençoe copiosamente, e a Vossa Excelência, que não se esqueça de nós em suas orações. A Arquidiocese de Salvador — e eu, particularmente — o levaremos para sempre no coração.

Com filial afeto e gratidão,

  CARLOS EDUARDO CORDEIRO 
Arcebispo Metropolitano de Salvador e Primaz do Brasil

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