Conversão e a pureza de Maria, modelo para acolher Cristo
(Lc 3, 1-6)
Reflexão pessoal sobre o 2º Domingo do Advento - Solenidade da Imaculada Conceição – Ano C
Neste segundo Domingo do Advento, somos chamados a refletir sobre o papel de João Batista, o precursor do Senhor, que prega no deserto a conversão: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas”. Sua mensagem ressoa com força em nossos corações, especialmente neste tempo de Advento, em que nos preparamos para a chegada de Cristo. Converter-se é abrir mão do pecado, rever nossas escolhas e colocar nossa vida em sintonia com a vontade de Deus.
O deserto onde João Batista proclama o arrependimento simboliza um lugar de solidão e recolhimento, onde é possível ouvir a voz de Deus sem distrações. Somos convidados a entrar em nossos desertos interiores, enfrentando nossas fraquezas, reconhecendo nossas faltas e buscando um caminho de reconciliação com o Senhor. Essa mudança interior é essencial para que possamos viver plenamente a alegria do Natal.
João Batista não só chama à conversão, mas também aponta para a figura central da nossa fé: Jesus Cristo. Ele anuncia aquele que é o único capaz de transformar radicalmente nossas vidas. É preciso remover as pedras do orgulho, das mágoas e da indiferença que bloqueiam o caminho da graça em nossas almas. Assim, preparamos um coração reto, pronto para acolher o Salvador que vem.
Este ano, a liturgia nos convida a uma dupla celebração: o 2º Domingo do Advento coincide com a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria. Essa feliz coincidência ilumina de forma especial nossa caminhada espiritual. Maria, preservada do pecado original desde sua concepção, é o exemplo perfeito do que significa viver na plenitude da graça de Deus. Ela é o modelo de pureza e disponibilidade total ao plano divino.
Enquanto João Batista nos ensina o caminho da conversão, Maria nos mostra a beleza de uma vida totalmente entregue à vontade de Deus. Em Maria, vemos a realização do plano salvífico de Deus, que a escolheu para ser a Mãe do Salvador. Sua Imaculada Conceição é um sinal da vitória de Cristo sobre o pecado, um convite para que confiemos na força da graça divina, que também nos chama à santidade.
A Solenidade da Imaculada Conceição nos lembra que Deus nos dá o necessário para buscarmos uma vida santa. Maria, a cheia de graça, foi escolhida e preparada para acolher o Verbo de Deus. Sua vida nos ensina que é possível viver em harmonia com a vontade divina, se nos colocarmos inteiramente sob a ação do Espírito Santo.
Contemplando Maria neste Advento, percebemos que a pureza e a entrega de sua vida são frutos da graça divina. No entanto, também somos convidados a colaborar com essa graça por meio de nossas escolhas diárias. O Advento nos exorta a seguir o exemplo de Maria, cultivando um coração humilde e vigilante, pronto para dizer “sim” ao chamado de Deus.
Ao mesmo tempo, a Imaculada nos inspira a cultivar uma confiança inabalável na misericórdia divina. Maria é Mãe de misericórdia, intercessora fiel e auxílio seguro para aqueles que buscam a reconciliação com Deus. Assim como ela foi preservada do pecado original, nós, pelo sacramento da confissão, podemos renovar nossa amizade com Deus e fortalecer nossa caminhada espiritual.
Enquanto aguardamos a segunda vinda de Cristo, Maria nos ensina a perseverar na esperança. Assim como ela esperou pelo nascimento do Salvador com fé e alegria, também somos chamados a viver este tempo de espera com confiança na promessa de Deus. Que nossa preparação seja marcada pela vigilância e pelo compromisso de endireitar nossos caminhos, seguindo os passos de Maria.
Que neste 2º Domingo do Advento e na Solenidade da Imaculada Conceição, possamos aprender com João Batista a buscar a conversão e, com Maria, a acolher Cristo em nossas vidas. Peçamos a intercessão da Mãe Imaculada para que possamos viver plenamente este tempo de graça, preparando nossos corações para o encontro com o Salvador.
Diác. Victor Kernicki Scognamiglio
07 de dezembro de 2024