Carta Pastoral | "Segundo o Coração do Bom Pastor"

  

DOM CARLOS EDUARDO CORDEIRO

POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA

ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO SALVADOR DA BAHIA

PRIMAZ DO BRASIL


Prot: 093/2025


“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.”

João 10,11


Ao clero, religiosos, leigos e  todos que a este leem, 
Saudações e da parte de Nosso Senhor. 
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Escrevo-lhes com o coração cheio de gratidão a Deus pelo dom do sacerdócio e, de modo especial, por todos os Sacerdotes de nossa Arquidiocese. 


O munus pastoral que nos foi confiado pelo Senhor não é apenas uma missão, mas um verdadeiro dom. É Ele quem nos chama, unge e envia para cuidar das ovelhas do Seu rebanho. Como nos recorda São Paulo: “Considerem-nos, pois, como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1Cor 4,1). A nossa vocação é, antes de tudo, serviço: serviço que nos compromete a socorrer os necessitados, a consolar os aflitos e, sobretudo, a viver o ministério não para ser servido, mas para servir.


Ser pastor é ter o coração moldado segundo o Coração de Jesus, o Bom Pastor (cf. Jo 10,11). Um coração que conhece suas ovelhas, que se compadece das feridas, que vai ao encontro das que se perdem e que, acima de tudo, dá a vida por elas. “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17), disse o Senhor a Pedro. Este mandato continua a ressoar no coração de cada sacerdote. Nunca devemos esquecê-lo: somos chamados a apascentar o rebanho com amor — amor no serviço, amor por Cristo.


Vivemos o munus pastoral em gestos simples e cotidianos: no acolhimento fraterno, na escuta paciente, na pregação da Palavra, na celebração dos sacramentos — especialmente da Eucaristia. Cada pequeno gesto, quando vivido com amor, torna-se um ato concreto de pastoreio. Todos somos pastores — seja de uma arquidiocese, de uma paróquia ou de uma pequena comunidade — e, em qualquer âmbito, devemos ser fiéis ao que prometemos no dia de nossa ordenação: seguir Cristo de perto, celebrar com devoção e fidelidade os santos mistérios. Isso é viver plenamente o nosso munus.


Sabemos que, muitas vezes, o fardo parece pesado e o coração, cansado. Mas o Senhor caminha conosco. Ele mesmo nos anima: “Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Nossa força vem d’Ele. Nele devemos repousar e confiar. Quando a cruz pesar, busquemos o amparo de Cristo, busquemos renovar o nosso ministério em Cristo, a Cruz se torna leve quando o serviço é feito com amor. Recordo também que, se ele nos confia uma cruz, também nos dá a graça de carregá-la sem desistir.


É igualmente importante lembrar que o pastor não caminha sozinho. A comunidade, os irmãos no ministério e os fiéis são parte essencial desta missão. Viver em comunhão, cultivar o diálogo e a oração partilhada são caminhos para bem exercer nosso serviço pastoral. O sacerdócio não se vive de forma isolada, mas em fraternidade, ajudando-nos mutuamente a viver e a testemunhar o sacerdócio de Cristo.


Portanto, finalizo essa carta com as palavras de São Pedro, que nos recordam a dignidade e a responsabilidade de nossa missão: “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, velando por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer; não por ganância, mas com dedicação; não como dominadores dos que vos foram confiados, mas tornando-vos modelos para o rebanho” (1Pd 5,2-3).


Que Maria, Mãe dos sacerdotes, interceda por vocês e fortaleça cada passo dos seus ministérios. E que o Espírito Santo renove sempre em seus corações a alegria de ser pastor segundo o Coração de Jesus.


Dado e passado em Salvador, na Solenidade de Pentecostes, no ano da graça de dois mil e vinte e cinco, aos oito dias do mês de junho.

  CARLOS EDUARDO CORDEIRO 

Arcebispo Metropolitano de Salvador e Primaz do Brasil



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