Mensagem de felicitação e agradecimento | Dom Vitalli

   

 ARQUIDIOCESE DE SALVADOR

CÚRIA METROPOLITANA


MENSAGEM DE FELICITAÇÃO E AGRADECIMENTO


“Corações ao alto, nossos pés no chão, unindo nossas vozes numa só canção"

Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Dom João Carlos Cardeal Vitalli,

Com o mais profundo respeito e sincera emoção no coração, escrevo estas palavras envoltas em gratidão, como quem ergue os olhos ao céu e, num gesto silencioso, deixa transbordar da alma aquilo que as palavras humanas raramente conseguem expressar em sua inteireza. Sinto que meu coração pulsa mais forte ao dirigir-me a Vossa Eminência, pois carrega consigo o eco de tantos sentimentos: reconhecimento, carinho, reverência, apreço e, sobretudo, uma alegria serena por tê-lo conhecido e convivido com a presença luminosa de um verdadeiro pastor segundo o Coração de Cristo.

Permita-me, Eminência, que estas linhas não sejam apenas palavras, mas sim reflexos de uma vivência, de uma experiência tocada por Deus por meio da generosidade incomparável de Vossa presença. Agradeço, profundamente, por toda atenção, paciência, cuidado, ternura e zelo que Vossa Eminência teve comigo e com todos os que se aproximam do senhor como quem se aproxima de um farol em meio à escuridão, de uma fonte em meio ao deserto, de uma palavra segura em meio ao ruído dos dias.

Desde o primeiro instante em que tive a graça de estar em sua presença, percebi algo diferente. Havia em Vossa Eminência uma paz que não era apenas humana. Era a paz de quem vive no Espírito. Era a serenidade de quem carrega no olhar o reflexo do Céu. E, ao longo do tempo, esta impressão inicial foi se confirmando em cada gesto seu, em cada palavra, em cada escuta generosa, em cada resposta cheia de sabedoria e amor pastoral. Não foram poucas as vezes em que me senti acolhido, compreendido, guiado e, acima de tudo, respeitado em minha pequenez, com a paciência de um verdadeiro pai espiritual, que não se cansa de esperar, de orientar, de amar.

A atenção que Vossa Eminência dedica a cada pessoa é, para mim, uma das manifestações mais belas do amor de Cristo no mundo. Vivemos tempos em que a pressa consome o cuidado, em que o ruído silencia o escutar profundo, em que a superficialidade torna o outro invisível. Mas Vossa Eminência, com humildade majestosa, revela-nos um outro caminho: o caminho do encontro verdadeiro, do olhar que se detém, do ouvido que escuta até o fim, do coração que se abre ao outro como terra fértil que acolhe uma semente. E, de maneira pessoal, pude sentir-me valorizado por este seu dom: o dom de fazer cada um se sentir único, amado, importante para Deus e para a Igreja.

Quanta gratidão me invade ao recordar a paciência com que Vossa Eminência nos conduziu, mesmo nos momentos em que nossas fraquezas poderiam ter causado impaciência. Mas o senhor nunca se mostrou apressado. Nunca nos corrigiu com dureza, mas com firmeza serena e doçura evangelizadora. Cada correção sua era um gesto de amor; cada ensinamento, um alimento sólido; cada silêncio seu, um convite à escuta interior. Nunca me esquecerei disso. E jamais deixarei de agradecer a Deus por ter-me presenteado com a figura de um pastor tão íntegro, tão humano, tão divinamente inspirado.

Eminência, falo-lhe com o coração aberto: muito do que hoje sou e do que ainda espero ser na graça de Deus, devo à sua presença formadora em minha vida. O senhor não apenas me ensinou com palavras, mas, sobretudo, com o exemplo. Seu cuidado pelos pequenos detalhes, sua reverência nas celebrações, sua atenção à liturgia, sua entrega sem reservas ao povo de Deus e sua fidelidade à Igreja de Cristo são, para mim, fontes de contínua inspiração. Vê-lo celebrar a Santa Missa é como assistir a um diálogo íntimo com o Altíssimo. Escutá-lo pregar é como saborear as Escrituras com novo frescor. Observar seu modo de ser é como aprender, na prática, o que significa viver como outro Cristo no mundo.

Mas não posso deixar de destacar o zelo que o senhor dedica à Igreja com uma dedicação que me comove. O zelo de um guardião que não descansa. De um pai que vela pelos seus filhos. De um pastor que conhece e chama suas ovelhas pelo nome. Que zelo extraordinário! E que beleza há nesse zelo, que se manifesta não com alardes, mas com constância, fidelidade e amor silencioso. Vossa Eminência cuida dos seus com o mesmo carinho com que a Igreja primitiva cuidava dos primeiros cristãos: com oração, com proximidade, com correção fraterna, com misericórdia e com amor incondicional.

Sei que estas palavras são poucas, e mesmo multiplicando-as em mil elogios, ainda assim estariam aquém do que gostaria de expressar. Contudo, creia, Eminência, que cada uma delas é fruto de uma experiência vivida, concreta, marcada por um afeto verdadeiro. E o que mais me comove em tudo isso é perceber que o senhor jamais se vangloriou do bem que faz. É como a vela que se consome iluminando os outros. Como o trigo que se deixa moer para se tornar pão. Como o cordeiro que, mesmo sem fazer ruído, entrega-se inteiramente por amor. Essa entrega silenciosa é, para mim, o mais forte testemunho do Evangelho.

O senhor me ensinou que ser Igreja é ser família. E que ser família é saber cuidar. Que cuidar exige escuta, paciência, renúncia, compaixão. E tudo isso aprendi ao vê-lo agir. Vi isso no modo como acolhe os necessitados, como dá atenção aos doentes, como se recorda dos pequenos, como encoraja os tímidos, como consola os aflitos, como reza pelos esquecidos. Vi isso, especialmente, no modo como lida com o sofrimento: com esperança, com fé inabalável, com entrega total à vontade de Deus. E como tudo isso me marcou! Como tudo isso me formou! Como tudo isso moldou minha alma!

Lembro-me de tantas ocasiões em que Vossa Eminência me dirigiu uma palavra certa no momento mais difícil. Como esquecer a delicadeza com que me aconselhou quando eu estava prestes a desistir de tudo? Como não recordar, com lágrimas nos olhos, a firmeza com que me devolveu a confiança perdida? O senhor foi, para mim, como Simão de Cirene: ajudou-me a carregar a cruz sem roubar-me sua pedagogia. Foi como o bom samaritano: curou minhas feridas com o óleo da misericórdia. Foi como o Bom Pastor: buscou-me nas noites escuras e trouxe-me de volta aos ombros da graça.

É por isso que hoje, com o coração cheio de ternura e gratidão, ergo minha voz ao Céu e digo: “Obrigado, Senhor, por Dom João Carlos Cardeal Vitalli.” Obrigado por esse sim generoso à vocação. Obrigado por sua fidelidade à missão. Obrigado por sua entrega sem reservas à Igreja. Obrigado por sua vida, que é um evangelho vivo, uma homilia contínua, uma lição constante de amor.

Eminência, se estas palavras lhe chegarem ao coração com um pouco da emoção com que as escrevo, já me dou por satisfeito. E lhe peço apenas uma coisa: continue sendo esse farol que nos guia agora junto ao povo de Deus que está em Fortaleza. Continue sendo esse pai que acolhe. Continue sendo esse pastor que nos ama. Continue sendo essa imagem viva de Cristo no meio de nós. O senhor tem sido uma dádiva de Deus para mim e para tantos. E sua vida, sua obra, sua presença, seus gestos, seus silêncios, sua oração e seu olhar continuarão sendo, para mim, sinais visíveis da presença do invisível.

Quantas e quantas oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento de dons tivemos juntos. Momentos de grande e profundo crescimento na fé e junto dos irmãos. Seu exemplo de cuidar e de ser um pastor pelas ovelhas me inspira a ser igual, me inspira a doar cada vez mais o meu serviço para o crescimento da fé nessa família que evangeliza pelo Minecraft.

Por fim, coloco-me a seus pés espiritualmente, pedindo sua bênção. Que esta bênção seja não apenas um gesto ritual, mas uma efusão de graças. Que ela me acompanhe todos os dias da minha vida. E que, com sua bênção, eu também possa aprender a ser, como o senhor, uma presença que consola, uma palavra que edifica, uma luz que orienta, uma vida que evangeliza.

Com amor filial, com respeito profundo, com ternura sincera e gratidão eterna, subscrevo-me,

seu filho espiritual,
em Cristo e Maria,

MONS. LUCAS HENRIQUE LORSCHEIDER
Chanceler Arquidiocesano

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