Decreto de Tombamento | Prot. Nº 002/2024

MITRA ARQUIDIOCESANA E PRIMAZ DO BRASIL
ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR

A 04 de julho do ano jubilar de 2024, presentes no Palácio Arquiepiscopal, em Salvador, Estado da Bahia os reverendíssimos:

- Dom Erick Breno Ferraz Cardeal Bergoglio - Arcebispo Metropolitano de Salvador e Primaz do Brasil.
- D. Jonny W. de Sales - Bispo-Auxiliar Emérito de Salvador

Dicutiram-se os critérios para tombamento da Igreja Catedral de São Salvador da Bahia, hospedado no servidor de Salvador e Aparecida, localizado nas coordenadas -1042, 71, -638, com as dimensões: Largura: 55 blocos; Comprimento: 108 blocos e Altura: 64 blocos. Com as seguintes características:

Fachada

Apesar de ter sido construída durante o período barroco, a arquitetura da Catedral tem um estilo geral maneirista. O revestimento da fachada e do interior é de pedra de lioz importada de Portugal expressamente para a construção. A fachada é austera e monumental, dividida em cinco módulos verticais separados por pilastras. Nos três módulos centrais se abrem portas coroadas por frontispícios onde há nichos para estátuas. Sobre as portas estão as imagens de santos jesuítas: Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Borja e São Francisco Xavier. Acima delas se abrem pequenas janelas. No nível superior, separado por uma larga cornija, há cinco janelas também coroadas por frontispícios, mas de menores dimensões. O último nível é o do frontão, vazado por uma janela quadrada, coroado por uma cruz e pináculos, e ladeado por duas grandes volutas. Nas extremidades se elevam dois pequenos campanários com coruchéus prismáticos.

Nave central, capelas e altares

Possui uma única nave, uma capela-mor ladeada de duas pequenas capelas, mais duas capelas no transepto e outras ao longo da nave. A decoração das capelas secundárias é desigual e de difícil datação, tendo sido ornamentadas em diferentes períodos e várias vezes reformadas entre os séculos XVII e XVIII, assumindo características barrocas. Nelas trabalharam vários artistas, entre eles o entalhador João Correia [desambiguação necessária], os irmãos Luís Manuel Trigueiros e Domingos Trigueiros, e os pintores Domingos Rodrigues e Eusébio de Matos. As únicas capelas que guardam sua configuração original são as de Santa Úrsula, São Francisco Xavier e Santo Inácio de Loyola. No total possui treze altares, o altar-mor data de 1665-1670, executado pelo irmão João Correia e auxiliares. O piso e os altares são compostos de mármores coloridos, oriundos de Portugal e Itália. Possui uma rica talha dourada, de grande importância artística e histórica, sendo um dos poucos altares maneiristas do Brasil. Em 1670 foi aberto um camarim na parte superior para exposição do Santíssimo Sacramento, decorado com painéis com as imagens de Santo Inácio e São Francisco Xavier, pintadas pelo irmão Domingos Rodrigues, autor de outros painéis na mesma capela. Em 1696, com a venda de uma fazenda doada por Manuel Pereira Pinto e sua esposa Antonia de Gois, a decoração da capela de São Francisco de Borgia foi finalizada. Em 1746 foi instalada uma imagem de Cristo Salvador em um nicho sobre o arco do cruzeiro, acima da capela-mor. As capelas secundárias na nave originalmente guardavam preciosas obras de arte, mas pelas reformas ocorridas ao longo do tempo muitas se perderam, e outras foram transferidas para outros locais, como a sacristia e o Museu de Arte Sacra. Entre as relíquias que sobreviveram se destacam um busto-relicário de Santo Inácio revestido de prata, a imagem de Nossa Senhora das Maravilhas, também prateada, e bustos de Santa Úrsula e mais dez mulheres representativas das Onze Mil Virgens. O teto da nave tem uma rica decoração em talha com símbolos jesuíticos, em cujo centro se encontra um grande medalhão radiante com o monograma IHS (Iesus Hominum Salvator - Jesus Salvador dos Homens), o símbolo da Companhia de Jesus.À esquerda da capela-mor está a capela do Santíssimo Sacramento, que recebeu muitas das alfaias procedentes da antiga Sé quando esta foi demolida, entre elas um relicário de ouro e prata cravejado de diamantes, duas credências de altar e três palmas de prata. A capela do lado direito, atualmente dedicada a Nossa Senhora das Dores, foi descaracterizada por sucessivas reformas, o fundo foi perdido, embora ainda preserve uma talha rica nas laterais e duas grandes estátuas. As duas capelas do transepto, por outro lado, de dimensões comparáveis à capela-mor, possuem monumentais altares barrocos, instalados em 1754, dedicados a São Francisco Xavier e Santo Inácio, além de pinturas emolduradas em talha que cobrem paredes e teto.

Batistério

No batistério se encontra uma grande pia batismal esculpida em um bloco único de pedra de lioz. A ampla sacristia também possui tesouros, destacando-se três altares barrocos de mármore multicolorido proveniente da Itália, onde são expostas estátuas e pinturas de grande porte; um grande arcaz entalhado em jacarandá por Luís Manuel de Matosinhos e Cristóvão de Aguiar, com incrustações de marfim e casco de tartaruga, e pinturas encaixadas de autoria do neerlando-italiano Gherardo delle Notti, e um lavabo em pedra. Na parede sobre o arcaz existe uma série de grandes pinturas sobre o Antigo Testamento, e o teto é decorado com pintura em caixotões, mostrando mártires e apóstolos jesuítas junto com motivos florais em estilo maneirista. As paredes são revestidas até meia-altura de azulejos pintados.

Museu de Arte Sacra

A antiga livraria do colégio se localiza acima da sacristia. Seu acesso é feito por uma passagem com revestimentos de azulejos, e possui uma notável pintura em seu teto, no estilo da arquitetura ilusionística, com alegorias do Tempo e da Fortuna, atribuídas a Antônio Simões Ribeiro. Hoje ali funciona o Museu de Arte Sacra. A Catedral e todo o seu acervo foram tombados pelo Iphan em 1938 pela sua grande importância histórica e artística.

Catacumba

Debaixo de uma lápide de mármore do altar-mor foi descoberta uma escadaria que servia de acesso a uma antiga catacumba. Além desta catacumba, também foram encontradas ossadas, incluindo treze crânios humanos, no interior da capela de Santo Inácio de Loyola.

Art. 1º Decreta-se o tombamento do imóvel supracitado, devendo os projetos de restauro, reforma, demolição de estruturas pós decreto, construção e adaptação de instalações elétricas, hidráulicas, de esgoto e de sonorização encaminhadas à Cúria Arquidiocesana para apreciação.
Art. 2º Dever-se-á contratar profissionais de renome para o restauro com propriedade técnica e intelectual para o serviço.
Art. 3º É vetado, inclusive ao Arcebispo, assim como à Cúria Arquidiocesana, ao pároco, vigário-geral alterações na fachada e no altar mor.

Dom Erick Breno Cardeal Bergoglio
Arcebispo Metropolitano

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